**Um Sábado de Silêncio**

Maya acordou com o som do chuveiro ligando no banheiro. Seu coração afundou ao saber que Dave estava se preparando para o dia. Ela tentou se levantar da cama, mas as dores no corpo a fizeram parar. As manchas roxas e os hematomas que não eram visíveis no rosto, mas que ela sabia estarem lá, pareciam latejar em sincronia com o seu coração. Ela se levantou lentamente e se aproximou do espelho. Seu reflexo mostrava uma pessoa cansada e triste. Os olhos estavam fundos e a pele pálida. Ela não conseguiu olhar para si mesma por muito tempo, desviando o olhar para evitar ver a sua própria dor. Dave saiu do banheiro, secando o cabelo com uma toalha. Ele a olhou por um momento, mas seu olhar não tinha nada de carinho ou compaixão. — O que você está fazendo aí parada? — ele perguntou, sua voz rouca e irritada. — Eu... eu estava apenas me levantando — Maya respondeu, tentando manter a voz baixa. Dave se aproximou dela e a olhou de cima a baixo. — Você está usando aquela camisola novamente — ele disse, seu tom de voz crítico. — Você sabe que eu odeio quando você usa isso. Maya sentiu uma pontada de medo no estômago. Ela sabia que era melhor não contrariá-lo. — Eu vou trocar — ela disse, rapidamente se afastando dele. Dave se virou para o armário e começou a se vestir. Maya aproveitou a distração para se esgueirar para o quarto e trocar de roupa. Ela escolheu uma camiseta simples e uma calça jeans, tentando ser o mais discreta possível. Quando ela voltou para a cozinha, Dave já estava sentado à mesa, comendo um ovo mexido. — Senta aqui e come — ele disse, sem olhar para ela. Maya se sentou e começou a comer em silêncio. O único som era o de Dave mastigando e o tique-taque do relógio na parede. Depois de alguns minutos, Dave se levantou e foi até a pia para lavar a louça. Maya ficou ali, sentada, sentindo-se prisioneira em seu próprio lar. — Eu vou fazer um trabalho no computador — ela disse, tentando quebrar o silêncio. Dave se virou para ela, um olhar irritado no rosto. — Não, você não vai — ele disse. — Você vai ficar aqui comigo. Maya sentiu uma sensação de desespero tomar conta dela. Ela sabia que não tinha escapatória. Estava presa com ele, sozinha e sem saída.